O enredo centra-se nas vivências de Ritinha, que aguarda feliz e ansiosamente o nascimento do irmão, cercada da família e pessoas queridas. Por trás dessa alegria, está uma rede de afetos que tem, metonimicamente, os cabelos como foco de atenção. Os dias da protagonista são parecidos com o cotidiano de muitas crianças, com cuidados familiares, brincadeiras e uma imaginação fértil, refletidos nas diferentes formas de apresentação de seus cabelos, com um novo penteado a cada dia. O título da obra expressão popular utilizada em referência a uma grandeza que justamente não se pode quantificar dá a dimensão da possibilidade de penteados da menina; o referencial numérico configura uma hipérbole (figura de linguagem que denota exagero), ressaltando, assim, a versatilidade dos adornos e penteados para os cabelos negros. A protagonista é entrelaçada a uma constelação familiar afetiva e consciente na qual se destacam também o cuidado parental masculino representado pelas figuras do avô e do pai da menina. Como importante elemento identitário, nessa obra, o cabelo negro é retratado de forma positiva inclusive para os meninos, conforme ilustrado na cena em que Ritinha vai brincar na praça e encontra com os vizinhos Téo, Bento e Rafa, também representados com penteados diversos, valorizando a estética de sua etnia; e, ainda, na tentativa da protagonista de adivinhar como será o penteado do irmãozinho que está para nascer. (Semente Editorial)