E se for um bicho mau? é quase um manual para lidar com os medos da gente. São tantos os monstros que os autores descrevem que o leitor acaba pensando que não podem existir tantos assim. As possibilidades vão desde o bicho papão e a bruxa, até ogro e vampiro: um inventário detalhado para criança nenhuma botar defeito, assim, já sabendo como todos eles são, fica mais fácil vencer o medo que cresce na gente. Aliás, o que cresce também é a porta que desempenha um papel fundamental na história, estabelecendo, desde a capa, uma relação entre o real e o imaginário. A primeira cena do livro mostra o protagonista ainda na cama e a porta de dimensões normais, lááá longe, pequenina. Conforme o personagem vai repassando sua lista de monstros, mais e mais a porta vai crescendo, e, a cada virada de página, uma nova silhueta monstruosa se projeta pela janelinha. Chega um momento em que a própria página se torna uma porta para que o pequeno leitor possa abri-la e descobrir, afinal, o que se esconde atrás da porta. E se for um bicho mau? é um tipo de livro que tem muitas histórias dentro da história, assim, o livro em si se torna um mediador de leitura, pois oferece caminhos para desdobrar outras tantas histórias.