A rede de pesca, a canoa colorida, os ranchos dispostos ao longo das praias, o imaginário popular, o linguajar caiçara, os folguedos. São essas imagens que pululam em Boi de conchas e outros contos caiçaras, as quais nos transportam para outro tempo. Tempo dos antigos, do contar pulsante. O que signi?ca caiçara? A própria palavra traz a sua narrativa. Muitos a?rmam ser o termo uma corruptela de caá-içara, originário do tupi-guarani. No passado, esteve ligado às estacas utilizadas tanto para cercar a aldeia indígena como para prender os peixes nas águas. Também, passou a ser associado às cabanas de pescadores – os ranchos -, construídas nas praias para abrigarem as canoas e demais apetrechos de pesca. No entanto, com o tempo, a palavra “caiçara” se tornou um elemento identi?catório para aqueles que habitam, sobretudo, o litoral dos Estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Para além da palavra, “caiçara”, neste livro, desvela uma trama de simbologias, histórias guardadas na memória dos velhos e transmitidas de geração a geração. Nesse processo, cada narrador traz a sua marca, ressigni?cando as histórias e tornando-as vivas. Eis a máxima do narrador: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”. (Sowilo)